Profissionais graduadas em química, engenharia ou biotecnologia apostam na pesquisa e desenvolvimento, seja no laboratório ou em campo
20/07/2023-17h07
Maria Gatto Missio, produtora de soja no oeste da Bahia: aposta na ciência por meio do uso de insumos naturais, feitos à base de bactérias e fungos (Calan Sanderson/Divulgação)
Em 122 anos, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) nomeou, de forma inédita, uma diretora para a instituição. A engenheira agrônoma Thais Vieira mudou o curso da história e, em 2023, passou a ser a primeira mulher à frente de uma das principais universidades do país voltadas ao agronegócio. Com isso, ela se torna um símbolo para a conquista da presença feminina no setor.
Era 1991 quando ela foi aprovada para o curso de engenharia agronômica da Esalq, sem sonhar que chegaria ao posto que ocupa hoje. Recentemente, durante cerimônia em Ribeirão Preto, São Paulo, a professora foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes do setor. E, na semana passada, Vieira esteve em solenidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT).
A trajetória mostra a resiliência das mulheres na área da ciência, servindo como um incentivo para que químicas, biólogas, engenheiras, entre outras profissionais, descubram no agronegócio uma oportunidade de desenvolver carreiras científicas.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31% das propriedades rurais no país eram comandadas por mulheres em 2022. No ano passado, elas ocupavam 19% dos cargos de direção em empresas do agro brasileiro. Em escala global, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indica que as mulheres representam 43% da força de trabalho rural no mundo.
Equidade de gênero
No laboratório, nas auditorias no campo ou no escritório em São Paulo, a ciência sempre permaneceu na vida de Gabriela Gandellini, mestre em Bioquímica e gerente de assuntos científicos regulatórios da Bayer.
Primeira cientista da família, graduada em química pela USP com mestrado pela Unicamp, a profissional foi estagiária do laboratório de caracterização molecular da extinta Monsanto — adquirida pela multinacional alemã Bayer. “Eu amava passar o dia todo na bancada, mas depois descobri que também existia ciência fora do laboratório”, diz Gandellini.
Atualmente, ela considera que a equidade de gênero na área de ciência e pesquisa já evoluiu, mas ainda há muito caminho pela frente. Por isso, iniciativas no meio corporativo podem ajudar as mulheres a se sentirem mais à vontade em setores cuja presença masculina ainda prevalece.
“Temos um programa para mulheres, focado nas áreas de ciência e tecnologia, em que somos ouvidas e trocamos histórias de sucesso. A missão é ter mulheres com igual presença e reconhecimento em todos os níveis. E homens, defendendo essa equidade”, afirma.
Prêmio Mulheres do Agro
Com o objetivo de incentivar a presença das mulheres no agronegócio, seja na ciência ou no campo, a 6ª edição do Prêmio Mulheres do Agro está em busca de histórias que mostrem a protagonismo feminino no setor. Idealizado pela Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a premiação busca reconhecer produtoras rurais que realizem uma gestão sustentável, com foco nos pilares ESG.
Realizado desde 2018, o troféu já foi concedido a 45 mulheres que estão à frente de propriedades de pequeno, médio e grande porte. Para a edição de 2023, o projeto passa a contar com o apoio de cinco entidades parceiras: Embrapa, Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas (Andav), Faculdade de Tecnologia (Fatec) Pompeia, Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia.
Fonte: Mariana Grili/Exame.com