07/05/2022-08h46
Dos cerca de 850 políticos que transitam nas Câmaras Municipais, 500 compareceram ao ninho tucano
Quinze dias depois de receberem o apoio político, em ato promovido em Campo Grande, de 71 dos 79 prefeitos de Mato Grosso do Sul, o pré-candidato ao governo Eduardo Riedel (PSDB) e a pré-candidata ao Senado, pelo PP, a deputada federal Tereza Cristina juntaram-se a uma multidão de 500 vereadores de MS, que encheram a sede dos tucanos, também na Capital sul-mato-grossense, na noite de quinta-feira (5).
Na solenidade, os parlamentares disseram ter virado militantes das duas pré-candidaturas.
Cálculos da cúpula do PSDB indicam que 60% dos cerca de 850 vereadores do Estado prometeram cooperar com Riedel e Tereza nas eleições de outubro.
Embora de partidos diferentes, a ex-ministra da Agricultura, desde que se mostrou interessada na disputa pela única vaga ao Senado, em novembro do ano passado, avisava que sua pré-candidatura era condicionada ao apoio que daria a Riedel.
O número apontado pelo PSDB indicando que 500 vereadores “fecharam com Riedel” gera uma certa imprecisão quando comparado a outras declarações apontando eventuais apoios.
Há pré-candidato, por exemplo, que garante ter aliança “quase concluída” com 300 vereadores. Uma pequena soma, ainda que por cima, cairia em uma discórdia numérica. Isto é, de todos os candidatos que concorrem ao governo, só dois ganham apoios de vereadores, algo inédito em período de eleições.
O tucano é um dos seis concorrentes ao governo. Seus adversários: Giselle Marques (PT); Marquinhos Trad (PSD); André Puccinelli (MDB); Rose Modesto (União Brasil); e Capitão Contar (PRTB).
Na manhã desta sexta-feira, Eduardo reagiu ao posicionamento dos vereadores por meio de sua conta no Facebook:
“Meu propósito de construir um Estado mais moderno, com maior qualidade de emprego, desenvolvido e justo só é possível se feito com vocês, vereadores, que estão mais perto das pessoas. Sou grato demais a cada um de vocês, pelo carinho e apoio. É assim, lado a lado, com muito dialogo, que vamos levar e fazer crescer a ideia de um respeitado Mato Grosso do Sul”.
Já Tereza Cristina, também pela rede social, comemorou a cerimônia dos vereadores: “Que encontro lindo!!! Vereadores e vereadoras do #meuMS juntos para reforçar o municipalismo. Como o presidente Jair Messias Bolsonaro sempre disse: mais Brasil e menos Brasília. E aqui em Mato Grosso do Sul é assim. Municipalismo forte!”.
A ex-ministra disse ainda que “os vereadores exercem função essencial, estão nos bairros, nos municípios, conversando com as pessoas, buscando soluções para os desafios diários. Como pré-candidata ao Senado, reforço que uma das minhas missões é trabalhar firme por leis que fortaleçam ainda mais os nossos municípios. Vereadores juntos com Tereza Cristina e Eduardo Riedel pelo municipalismo!”, publicou a pré-candidata do PP.
Ao menos até agora, além de Tereza, somente o PT divulgou já ter pré-candidato ao Senado. É o professor universitário Tiago Botelho (PT), que viajou ontem para São Paulo, onde assistiria o lançamento oficial da pré-candidatura do ex-presidente Lula.
Alguns tucanos que conversaram anonimamente com a reportagem disseram ser “muito importante” o apoio dos vereadores e dos prefeitos. No entanto, criticaram o fato de ter ocorrido em um dia só, e em Campo Grande.
Para eles, o evento deveria ocorrer, sim, mas em dias e partes diferentes do Estado. “Achamos que a cerimônia seria bem mais aproveitada se os encontros ocorressem na região, norte, sul. Seria melhor aproveitado, cremos”, afirmaram os integrantes do PSDB que participaram dos dois atos de apoio a Riedel e Tereza.
JÁ NO CLIMA
Na cerimônia de prefeitos e prefeitas, o governador Reinaldo Azambuja, o primeiro a alçar a pré-candidatura de Riedel, elevou o tom no discurso.
“Não fiz nenhuma ligação para nenhum prefeito, nenhuma prefeita de Mato Grosso do Sul, nenhuma, para deixar bem claro isso. Isso aqui foi um ato espontâneo dos prefeitos e das prefeitas do Estado”, disse.
Ele fez críticas a pré-candidatos ao governo, com falas que poderiam ser direcionadas ao ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad.
“Tem gente que hoje nos critica, só que quando não tinha dinheiro para tapar buraco, João Rocha [ex-presidente da Câmara dos Vereadores, que participava do evento], bateu à porta do governo do Estado, e a porta estava aberta, e ela continua aberta até hoje, porque nós não vamos negar a nenhum município. Tem uns que não querem reconhecer o que nós fizemos, até escondem, mas nós estamos presentes nas 79 cidades”, disse o governador.
APOIO INCERTO
O PSDB de Eduardo Riedel contava como “quase certo” o apoio do PDT na corrida pela sucessão. Ocorre que o comando regional do PDT sofreu intervenção duas semanas atrás e, desde então, a conversa mudou. Um dos motivos: os tucanos já avisaram que vão apoiar a reeleição de Bolsonaro. Já os pedetistas disseram querem “distância” do presidente.
Por outro, os tucanos de MS podem sair beneficiados com eventual aliança com o PSB, partido que fechou acordo com Lula na disputa pela presidência.
O PSB regional ainda não definiu a questão. Mas o deputado estadual Paulo Duarte, recém-filiado à legenda, já avisou que é um dos apoiadores da pré-candidatura de Eduardo Riedel.
Já o PT de MS deve se juntar ao PCdoB e ao PV.