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Confeiteira perde pai e vó de covid, esquece bolo e mesmo cobrada por cliente recebe apoio de colegas

15/07/2021- 07h31

Tatiane ainda entregou o bolo e fez tudo com a ajuda de colegas confeiteiros

Tatiane com o pai, seu Arlindo, que morreu de covid

Trabalhando quatro anos como confeiteira em Campo Grande, Tatiane Areco, de 36 anos, nunca havia deixado de fazer uma entrega. No último domingo (11), porém, isso aconteceu pela primeira vez.

Mas não foi por desleixo ou irresponsabilidade, ela havia acabado de perder o pai e a avó para covid. Com a cabeça cheia no dia do falecimento do pai, há algumas semanas, no dia 28 de junho, não lembrava da encomenda de uma cliente feita em meio à tristeza de ter perdido o pai.

Eis que no domingo essa mesma cliente, já antiga, bate a sua porta e pergunta pelo bolo. Tatiane relatou o que aconteceu em seu stories do Instagram e sensibilizou a todos.

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Tatiane é confeiteira há 4 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo ela, mesmo tendo respondido a cliente esqueceu da encomenda. Ao explicar a situação para a mulher, não encontrou compreensão, apenas cobrança e julgamento.

“Ela ficou muito nervosa, disse que também já havia perdido familiares, mas que nunca deixou de cumprir com suas obrigações”.

Tatiane diz que mesmo assim se propôs a fazer o bolo, mas que precisa de um prazo. “Ela disse que estava tudo pronto na festa, que só faltava o bolo e que não voltaria pra busca-lo mais tarde”.

A confeiteira então se propôs a entregar o bolo na casa da cliente. “Entrei para dentro de casa nervosa, chorando muito, sem saber como ia dar conta do bolo”.

Desesperada, ela pediu ajuda para vários confeiteiros, que não puderam ajudá-la de outra forma a não ser a acalmando e a incentivando. “Fizeram uma videochamada para me acalmarem e acompanharam o processo até eu terminar”,

Na última sexta-feira (9) pouco depois do falecimento de seu pai e antes do domingo relatado por ela, Tatiane perdeu a avó, dona Albina, também de covid. “Foram os dias mais difíceis da minha vida e ainda me deparei com essa situação”.

O bolo foi entregue como cominado e a cliente, diz Tatiane, estava diferente. “Acho que ela ficou sem graça pela atitude, me deu até uma caixinha pela entrega”.

O pai de Tatiane, seu Arlindo, era feirante junto da mãe, dona Fânia, que perdeu o marido e a mãe em uma semana.

“Tudo que aconteceu me mostrou como o luto deve ser respeitado e como esses momentos podem ainda piorarem. Eu cheguei a pensar em parar, mas percebi que pra cada pessoa insensível, existem outra dezenas de bom coração”.

Fonte: Lucas Mamédio/ Midiamax