Além disso, o ex-ministro afirmou que, caso o governo federal tivesse seguido suas recomendações, o país teria evitado muitas mortes
O ex-ministro da Saúde e médico oncologista Nelson Teich afirmou que não tinha autonomia para implementar políticas de saúde para conter o avanço da Covid-19.
A informação aconteceu após Teich responder a uma pergunta feita pela senadora e líder da bancada feminina do Senado,Simone Tebet (MDB), durante seu depoimento na CPI da Covid.
Além disso, ele reconheceu que, caso o governo federal tivesse seguido suas orientações, hoje o país não estaria entre os países com maior número de mortes ocasionados pela doença.
A senadora começou sua pergunta pedindo desculpas ao ex-ministro sobre a discussão ocorrida entre os senadores durante o seu depoimento na parte da manhã.
Posteriormente, Tebet a Teich sobre as políticas adotadas pelo governo para combater a pandemia, após a sua saída.
“O senhor acredita que, caso o governo federal tivesse seguido as suas orientações, nós teríamos esse número elevados de mortes ocasionadas pela Covid-19?”, perguntou.
“Eu avaliei a nossa evolução de mortes e casos que, na segunda onda da doença, tivemos um número de contágio 60% maior e o número de óbitos, 180% mais elevado, se comparado à primeira onda”, disse.
E acrescentou. “Eu queria na minha gestão fazer uma testagem em massa e quarentena dos infectados, além de um sistema de saúde funcionando perfeitamente. No entanto, para fazer isso tudo, precisamos de um arcabouço social em sua plenitude. Respondendo especificamente a sua pergunta sim, teríamos uma diminuição no caso de mortes se tivéssemos feito todas essas medidas.”
A senadora ainda perguntou ao ex-ministro se havia vontade política, por parte do governo federal, em dar autonomia a ele para implementar suas políticas para diminuir o número de infectados pelo novo coronavírus.
Teich afirmou que sua resposta seria objetiva. “Além de não ter autonomia, eu também não tinha liderança. Em situações extremas, como a da Covid, o gestor precisa de autonomia para estabelecer uma liderança e coordenação”, concluiu.
Bate-boca
Um bate-boca entre a bancada feminina e os governistas na CPI da Covid-19 fez o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), suspender a sessão em que os senadores ouvem o ex-ministro da Saúde Nelson Teich. A reunião foi, depois, retomada.
A confusão começou quando a palavra foi passada a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não é integrante titular da comissão, mas conseguiu espaço para participar do interrogatório a Teich após um acordo fechado ontem na colegiado.
“Há uma grande diferença entre privilégio e prerrogativa. Não é admissível, em um Estado Democrático de Direitos não existe privilégios e nós, mulheres desta Casa, nunca admitiremos isso. Nós pedimos ao plenário desta comissão ontem, que pudéssemos ter uma fala entre os titulares e os suplentes. Vossa excelência (Omar Aziz) em uma decisão salomônica, colocou em votação para o colegiado que aprovou e nos colocou como as primeiras na lista da titularidade, o que nós agradecemos”, agradeceu a líder da bancada feminina, Simone Tebet.
Tentando conter o debate acalorado, o presidente da comissão explicou que, no final da sessão de terça-feira, disse que nesta quarta iriam falar, nesta ordem, o relator, vice-presidente e uma mulher.
A situação incomodou os senadores governistas, que elevaram o tom para reclamar desse arranjo. “Aguentando grito de homem. Vossa excelência acha que vai calar a gente”, disse Eliziane ao senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI).