17/07/2021- 07h50
Peões das fazendas se deslocaram por vários meios de transporte para chegar aos distantes locais de vacinação
Em operações similares no combate ao contrabando de peles de jacarés e o recadastramento eleitoral, nos anos de 1980, que exigiram apoio aéreo, o engajamento dos fazendeiros do Pantanal sul-mato-grossense na vacinação em massa contra o coronavírus foi crucial para imunizar praticamente toda a população que vive no bioma. Dez aeronaves particulares levaram vacinas e enfermeiros para regiões de difícil acesso terrestre entre junho e julho.
A iniciativa do Sindicato Rural de Corumbá – maior município pantaneiro, com 65 mil km² -, em apoio ao plano de imunização estabelecido pelo Governo do Estado, garantiu a vacinação de duas mil pessoas com doses das vacinas Coronavac e Janssen, concluída na quinta-feira. A adesão dos pantaneiros à campanha foi ampliada e contou com a participação de aeronaves de proprietários rurais de Rio Verde e Aquidauana, municípios limítrofes a Corumbá.
O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, destacou o empenho coletivo para que a vacinação em massa alcance as regiões mais isoladas do Pantanal e obtivesse êxito. “Graças ao envolvimento de todos conseguimos que as vacinas chegassem em todos os locais. A participação dos fazendeiros ajudando a levar as doses de avião nas regiões de difícil acesso é um grande exemplo de ajuda e comprometimento com a preservação de vidas”, disse.
Operação inédita
Com a disponibilização de uma cota de doses para atender o Pantanal, pela secretaria de Saúde de Corumbá, o Sindicato Rural traçou uma estratégia de vacinação por fazenda-polos, as quais concentraram os moradores ao redor. Os peões se deslocavam em tratores e camionetes cedidos pelos fazendeiros, em longas distâncias entre alagados e areião também vencidas no lombo do cavalo. As sedes da vacinação forneceram alimentação para toda a comunidade.
“Nem essa força-tarefa com a participação dos proprietários rurais na cedência de suas aeronaves, pilotos e estrutura nas fazendas não seria possível cumprir as metas de vacinação no Pantanal preconizadas pelo governo”, disse Luciano Leite, presidente do Sindicato Rural de Corumbá. “Foi uma ação inédita, onde contamos com todo o apoio do Governo do Estado e das secretarias municipais de Saúde e Desenvolvimento Econômico”, completou.
A vacinação no Pantanal começou em junho, com a aplicação das duas doses de Coronavac, em intervalos de 28 dias, em posto montado na fazenda Novo Horizonte (região da Nhecolândia), com acesso terrestre pela MS-228 restaurada pelo Governo do Estado. Com a chegada da vacina Janssen, foi montada a força-tarefa aérea para imunizar os pantaneiros em onze fazendas-polos situadas nas sub-regiões da Nhecolândia, Taquari, Paraguai e Paiaguás.
As fazendas-polos de vacinação: Novo Horizonte, Cocais, Santa Fé da Corixinha, Santa Laura, São Miguel, Santa Helina, São Francisco, Piratininga, São João do Piquiri, São Francisco e Piracicaba. As aeronaves deram suporte no transporte das vacinas, enfermeiros e administrativos para cadastramento dos imunizados. “Cobrimos praticamente todo o Pantanal de Corumbá chegando a regiões longínquas, como a divisa com Mato Grosso”, explicou Luciano.